[ENEM] TENDÊNCIAS DA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
- Débora Pluvie
- 15 de fev. de 2021
- 4 min de leitura
- Estão ligadas às tendências do século XX: metalinguagem, experimentalismo formal, engajamento social e mistura de tendências estéticas.
O concretismo: prega o fim da poesia intimista e o desaparecimento do eu-lírico, além de uma concepção poética baseada na geometrização e visualização da linguagem. Para isso, retomam certos procedimentos adotados pelas correntes de vanguarda do começo do século XX, como o futurismo e o cubismo. Rompendo com a estrutura discursiva do verso tradicional, os concretistas procuram valer-se de materiais gráficos e visuais a fim de criar uma poesia urbana capaz de captar e transmitir a realidade das cidades, com seus anúncios e outdoors. Hoje, os recursos concretistas vão de experiências sonoras (aliterações e paronomásias) até o emprego de caracteres tipográficos de diferentes formas de tamanho. O poema assume a forma de qualquer objeto da produção industrial (cartas, cartão, anúncio, dobradura, fotografia).
Ferreira Gullar e Thiago de Mello: são os principais representantes da poesia social engajada, no contexto do regime militar no Brasil e das ditaduras latino-americanas. Pouco antes de 1964, Gullar rompeu a poesia concreta e, retomando verso discursivo, passou abordar temas de interesses sociais, como a Guerra Fria. Com o recrudescimento do autoritarismo político em 68, acentuou o engajamento do autor. Ferreira Gullar deu contribuições à cultura brasileira ainda nos domínios da dramaturgia e ensaística. Thiago de Mello chegou a ser preso e exilado. Os traços principais de sua poesia são a luta contra opressão, o amor à Terra e à Amazônia, o sentimento de autoridade, a solidariedade aos oprimidos, alegria de viver.
Da poesia marginal aos nossos dias: sabe-se que as últimas obras literárias de 1970 não receberam um estudo mais aprofundado e sistematizado já que há dúvidas sobre sua qualidade, dado que os artistas estavam submetidos a um contexto histórico de censura e repressão popular. O poeta de 1970 tinha poucas opções diante da censura. Assim, utilizavam uma linguagem indireta e metafórica para driblar a censura e criar seus próprios meios de divulgação. Os que trilharam o segundo eram chamados de poetas marginais e se empenhavam na criação de revistas e jornais literários. Até uma chuva de poesia foi produzida, quando milhares de papéis impressos foram jogados de um edifício e tomaram o céu de São Paulo. Um novo perfil de poeta começou a surgir. Deixando de ser produtor cultural solidário, o poeta foi para as ruas e bares apresentar-se diretamente ao consumidor. Nos dias atuais, cresce o interesse dos poetas pela música popular, em razão de sua penetração mais eficaz junto ao público e às mídias digitais. A produção desse período conta com várias tendências que vão desde das que tem influência dos modernistas de 22 até as que se ligam ao concretismo, ainda vivo e atuante. O que caracteriza essa produção poética realizada entre os anos de 1970 e 1980 é o experimentalismo, a recuperação da oralidade, a preocupação ideológica, a irreverência e o formalismo. Em 1990 surge um novo grupo que tem uma preocupação teórica e meta linguística apresentando o maior rigor construtivo e precisão léxica.
- A prosa: a ficção brasileira consolida decisão de abandonar a abordagem realista. A visão de um mundo complexo e fragmentado manifestou-se na prosa de ficção com a ruptura da narrativa linear e totalizam anti e com construção de uma narração desordenada sem foco narrativo definido previamente. A crônica é difundida em jornais e revistas, tendo Luiz Fernando Veríssimo Como destaque. O romance se desdobra em diferentes linhas como o romance policial, o psicológico, o histórico e o memorialista.
* A crônica: o gênero literário mais lido pelo público atual, apresentando feições que vão do comentário do fato jornalístico a ficção, humor e crítica social. Sempre com base em um olhar crítico sobre a vida presente cotidiana. Millôr Fernandes, Veríssimo, Lya Luft e Moacir ciliar são nomes importantes quanto a esses textos.
*O conto: obteve enriquecimento temático proporcionado pela contribuição regionalista. Do ponto de vista técnico, o relato objetivo linear (com uma estrutura de início, meio e fim) deu lugar à simples evocação, ao instantâneo fotográfico, aos episódios ricos de sugestão, aos flagrantes de atmosferas intensamente poéticas. Otto Resende, Caio Fernando e Hilda são artistas relevantes aqui.
*O romance: seguiu as orientações padrão (regionalista e psicológica), enriquecendo-a E diversificando ela por meio da adoção de novos temas (como a violência urbana) ou por uma abordagem mais realista e crua de tema já gastos, pela Incorporação do fantástico, simbólico, do absurdo. Retrata ficções urbanas, regionalistas, intimistas e preocupasse com problemas psicológicos, religiosos e morais. O romance policial, como o de Rubem Fonseca tem destaque.
-O teatro: lento e escasso desenvolvimento. Um grupo que apresentava-se apesar das dificuldades em pois a noção de equipe e transferiu a responsabilidade total da peça para um diretor, sendo este responsável pela coordenação e harmonia do espetáculo. A partir do êxito da primeira apresentação, iniciava-se a renovação do teatro, assentada na série de inovações tanto formais quanto temáticas feitas pela peça. A partir de então surgiram inúmeros grupos e autores. Durante o AI-5, a política de censura implicou o desaparecimento de temas políticos e sociais, Substituídos por criações de tom um fone está. O engajamento teatral só foi retomado a partir do fim da censura. Nelson Rodrigues rompeu com quase todas as tradições cênicas e renovou a dramaturgia: jogou com os planos dramáticos, instaurou simultaneidade tempo e ação e utilizou técnicas variadas de corte e ritmo, próprios da linguagem cinematográfica. Suas peças retomam incessantemente os mesmos temas — em cestos, suicídios, adultérios e loucuras, construindo um vasto painel da classe média da época. Sua obra então dividida em três planos: realidade, alucinação e memória.
Comentarios