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Questões sobre intertextualidade no Enem

  • Foto do escritor: Débora Pluvie
    Débora Pluvie
  • 2 de jul. de 2020
  • 4 min de leitura




Conforme combinamos pelo Instagram, aqui está a lista sobre o assunto! Para mais conteúdos neste formato, me siga lá!




https://www.instagram.com/pluviedebora/





1. Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos:


I. Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai Carlos! Ser "gauche" na vida


(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)


II. Quando nasci veio um anjo safado

O chato dum querubim

E decretou que eu tava predestinado

A ser errado assim

Já de saída a minha estrada entortou

Mas vou até o fim.


(BUARQUE, Chico. Letra e música. São Paulo: Cia das Letras, 1989)


III. Quando nasci um anjo esbelto

Desses que tocam trombeta, anunciou:

Vai carregar bandeira.

Carga muito pesada pra mulher

Esta espécie ainda envergonhada.


(PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)


Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por

a) reiteração de imagens

b) oposição de ideias

c) falta de criatividade

d) negação dos versos

e) ausência de recursos

Gabarito:


Letra A. A imagem do “anjo”, caracterizado como “torto” no poema de Carlos Drummond de Andrade, é retomada por Chico Buarque e por Adélia Prado, como “safado e “esbelto”, respectivamente.





2. A relação entre textos sempre existiu como retomada de um texto mais novo de outro que o antecede, contudo o termo intertextualidade foi usado pela primeira vez por Julia Kristeva, que, baseando-se nos estudos de Bakhtin sobre o discurso, concluiu: “todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto”.

(Fonte: KRISTEVA, Julia. Introdução à Semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974. p.72.)



Sobre intertextualidade, analise os textos 1 e 2.


Texto 1


Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua dos anjos

Sem amor eu nada seria


É só o amor, é só o amor

Que conhece o que é verdade

O amor é bom, não quer o mal

Não sente inveja ou se envaidece


O amor é o fogo que arde sem se ver

É ferida que dói e não se sente

É um contentamento descontente

É dor que desatina sem doer


Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua dos anjos

Sem amor eu nada seria


É um não querer mais que bem querer

É solitário andar por entre a gente

É um não contentar-se de contente

É cuidar que se ganha em se perder


É um estar-se preso por vontade

É servir a quem vence, o vencedor

É um ter com quem nos mata a lealdade

Tão contrário a si é o mesmo amor

[...]


(Renato Russo, Monte Castelo)



Texto 2


Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.


É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.


É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.


Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?


(Camões)



Assinale a alternativa CORRETA.


a) Em Monte Castelo, Renato Russo dialoga com dois textos distintos: o poema de Camões Amor é fogo que arde sem se ver; e a Bíblia, no Capítulo 13 da 2ª Carta de Paulo aos Coríntios, quando fala do Amor como um bem supremo, além de o título aludir a uma batalha da Segunda Guerra Mundial, da qual participaram soldados brasileiros.

b) Partindo do conceito de intertextualidade, expresso por Julia Kristeva, pode-se afirmar que Renato Russo não devia ter lançado mão de partes da Bíblia Sagrada para montar a letra de uma música profana.

c) O diálogo entre textos conduz indiscutivelmente ao plágio; dessa maneira, a montagem, como paródia de três diferentes textos, realizada por Renato Russo, não o isenta da responsabilidade de ter usado indevidamente a produção de autores que o antecederam.

d) Monte Castelo não foi uma montagem de dois textos, pois não houve intencionalidade do poeta em realizar tal façanha. A semelhança entre os textos é mera coincidência.

e) O trabalho artístico do compositor brasileiro não pode ser considerado arte, porque não apresenta originalidade e ineditismo; trata-se de uma mera paráfrase de textos anteriores a ele. Inadmissível de acordo com as concepções dos dois autores: Bakhtin e Kristeva.



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Gabarito:


Letra A. É nítida a intertextualidade entre a música e o poema de Camões; este, por sua vez, retoma o texto anterior, bíblico: a 3ª estrofe da canção é absolutamente igual ao 2º quarteto do soneto; ambos retomam a carta de Paulo aos Coríntos. Além disso, Monte Castelo foi uma batalha travada durante a 2ª Guerra Mundial, com grande número de baixas de soldados brasileiros; no entanto, o sucesso desse evento ocorreu sob o comando de um general brasileiro.



3. (G1 - ifpe 2016)



O mercado publicitário tem implementado, sobretudo após o advento da informática, práticas de linguagem bastante inovadoras. O texto se utiliza de duas modalidades de formas linguísticas, mais especificamente de uma linguagem verbal e outra não verbal. Logo, considerando que o público-alvo da campanha tenha o conhecimento de mundo necessário para a compreensão do texto publicitário, conclui-se que seu objetivo basilar é

a) provocar um questionamento sobre a necessidade de uma dieta mais saudável.

b) fazer, indiretamente, a propaganda de um filme em cartaz nos cinemas.

c) combater o consumo desenfreado de alimentos com teor calórico muito alto.

d) influenciar a conduta do leitor através de um apelo visual e da intertextualidade.

e) democratizar o consumo de legumes entre a as classes sociais mais carentes.


Gabarito:

Letra D. A imagem da batata com acessórios de pirata, somada ao nome “batatas do caribe”, faz uma clara alusão ao filme da Disney “Piratas do Caribe”. Dessa forma, estabelece-se uma intertextualidade entre a propaganda e o filme. Além disso, o elemento visual chama bastante atenção: além da associação com o filme, a imagem de uma “batata pirata” é bastante chamativa. Tratando-se de uma propaganda (embaixo há o logo da loja), há o elemento de tentativa de convencimento do consumidor bastante forte. Com isso, tem-se uma tentativa de influenciar a conduta do leitor através de um apelo visual e da intertextualidade.






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