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Sobre "Morte e vida: severina"

  • Foto do escritor: Débora Pluvie
    Débora Pluvie
  • 15 de fev. de 2021
  • 1 min de leitura

E se somos Severinos

iguais a tudo na vida,

morremos de morte igual,

mesma morte severina:

que é a morte que se morre

de velhice antes dos trinta,

de emboscada antes dos vinte,

de fome um pouco por dia

(de fraqueza e de doença

é que a morte severina

ataca em qualquer idade,

e até gente não nascida)

Um dos maiores êxitos da Poesia Brasileira, com suas mais de cem edições, não é novidade dizer que Morte e vida... se transformou em ícone quanto à esplendorosa Literatura de João Cabral de Melo Neto. A publicação, que aconteceu em 1956, foi pedido de Maria Clara Machado e "a vida Severina" juntou poesia de altíssimo nível com o engajamento social. Isso sem perder a qualidade estética, o que é bastante raro.


Verdade é que o Auto de Natal pernambucano nos mostra a vida entregue às múltiplas misérias de um Nordeste representado numa espécie de microcosmos de coisas concretas, ao alcance das mãos e dos olhos de quem lê. Sabe-se que o texto cabralino formou-se no intervalo entre a escrita culta da casa-grande e a voz da senzala, onde descobriu a fabulação mágica do cordel, a métrica do povo e gosto pela narrativa.


Encontramos ali um sertanejo nada personalizado que em sua travessia se defronta com a onipresença da morte, por vezes consumada, ora potencial. O Autor aqui é admirável pela sua obstinação em percorrer sever(in)amente os caminhos mais íngremes da linguagem e sua consequente música aos olhos.


Boa leitura! 💀☀️🙏🏽

 
 
 

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