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"The Post", censura e mulheres que escrevem

  • Foto do escritor: Débora Pluvie
    Débora Pluvie
  • 15 de fev. de 2021
  • 2 min de leitura

Tem esta reflexão o propósito de sondar compreensões em torno de uma provável síntese entre duas concepções paradoxais do jornalismo. A primeira, de que se trata de uma atividade mercantil-burguesa a serviço da dominação; a segunda, de que se trata do próprio exercício de um dos mais sagrados valores cívicos, a liberdade de expressão.

O jornalismo como teoria da democracia, Luiz Martins da Silva




A partir de uma anual tentativa insana de acompanhar todos os filmes do Oscar antes da premiação há alguns anos, dediquei algumas (muitas) horas a este ofício. "The post", o último e menos esperado da lista me deu um banho de água fria - não só pela brilhante (como sempre) atuação de Streep como em toda discussão proporcionada pelo longa dirigido por nada menos que Spielberg.


Pois bem, "The post" conta a história de um jornal local - o "Washington Post" - que recebe um material confidencial contendo dados reveladores quanto a elementos do governo e estratégias de guerra acerca da questão "Vietnã".


Assim, nos anos 70, o editor do jornal Ben Bradlee (Tom Hanks) conta com o apoio de outra editora, Kay Graham (Meryl Streep), para divulgar os tais documentos. Até aí nada de um enredo inovador. Entretanto comentamos aqui de um contexto jornalístico de múltiplos homens e apenas uma voz feminina em protagonismo.


Nesse sentido, Streep, enquanto Kay, é uma mulher cujo marido se matou e se viu dona de um jornal que seu pai fundou e deu ao genro - e não à filha. Desse modo, Kay é responsável por decidir quais seriam as diretrizes morais e políticas de sua empresa - taxada em diversos momentos como "familiar". Observamos, então, a transição de uma mulher que urge por uma voz que vá além das festas em sua casa.


O governo Nixon, desse modo, é claro ao afirmar que o "The New York Times" estaria proibido de publicar sobre o assunto - o que para muitos seria uma extensão ao jornal de Kay.


Anos de um Estado que mentiu à população, um presidente que só faltava afirmar "eu sou o Estado", um legado familiar, a empresa em crise financeira e a dúvida: fazer o que é político ou fazer o que é certo?


"We can't be both." Numa época em que muito pouca gente entende o que é e pra que serve o jornalismo, este filme se torna realmente necessário, ainda que o longa esteja longe de ser um dos clássicos do diretor.


Assistam!


Bjs.

 
 
 

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