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REDAÇÃO EXEMPLAR - CAMINHOS DE COMBATE À EXTREMA POBREZA NO BRASIL

  • Foto do escritor: Débora Pluvie
    Débora Pluvie
  • 2 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

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“Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos.” Graciliano Ramos, em seu livro "Vidas Secas", expressa dramaticamente a miserável situação vivenciada pelas personagens nordestinas em meio ao clima árido da região nordestina. Após mais de 70 anos da publicação da obra modernista, de modo análogo, observa-se que o contexto de extrema miséria—realidade de Fabiano e sua família—ainda se perfaz no Brasil contemporâneo, seja pela incapacidade de gestão do Estado, seja pela passividade da população. Nesse sentido, é necessária a análise das raízes desse contexto para que caminhos de combate sejam articulados.


Em uma primeira análise, é notória a importância dos governantes, na medida que são os responsáveis por garantir direitos sociais e, principalmente, o avanço da nação - o que é impossível diante de um cenário onde brasileiros ainda sofrem com condições extremamente miseráveis. Nesse ínterim, esse progresso se mostra freado no país posto

que os representantes políticos tendem a rasgar diariamente a Constituição por apresentarem uma postura que resulta numa quebra constante do vínculo moral de deveres que adquirem frente à população - água, moradia, saneamento, alimentação e educação estão longe de serem benefícios que alcançam toda a população. Isso ocorre quando grupos políticos ineficientes tangenciam a pauta de medidas combativas ao problema em questão e se escondem nas ações pré-existentes, como o Programa Bolsa Família. Assim, tais oligarquias resolvem temporariamente as consequências e não as causas - como pode ser observado na chamada "Indústria da Seca”- estratégia de alguns políticos que aproveitam a tragédia da seca na região nordeste do Brasil para ganho próprio, ao oferecerem água em troca de votos em tempos de eleição, majoritariamente. Dessa forma, o ambiente deturpador da extrema miséria no Brasil vai de encontro aos dizeres do expoente da filosofia francesa Durkheim, os quais afirmam que é importante a efetiva atuação de todos os agentes sociais para que o país seja, minimamente, coeso na garantia de direitos sociais - o que não acontece em nosso país e impossibilita a erradicação do problema.


Além disso, é indiscutível a influência das escolas e da compactuação da população na continuação das disparidades socioeconômicas em terras brasileiras, que têm como expressão máxima a pobreza. Diante disso, percebe-se que o Brasil possui uma educação precária a qual, segundo o educador Paulo Freire, apenas impõe teorias e conceitos prontos a serem guardados e reproduzidos a partir da transmissão irreflexiva do conhecimento circular. Assim, observa-se sem educação de qualidade, há como produto uma sociedade que não luta e mostra-se inerte à decadência e ao desamparo de tantos Fabianos Brasil a fora. Então, o corpo social, principalmente da classe média, apresenta-se indiferente às injustiças no cenário de miséria no Brasil e apáticos ao próximo. Isso ocorre, uma vez que coexiste um imagético conformista da elite, ao crer que as desigualdades são fruto de um agente meritocrático, isento de suas responsabilidades - o que é confirmado na perspectiva de Pierre Bourdieu, em “Habitus”, que analisa a reprodução sistemática do que foi internalizado ao longo do tempo pela sociedade. Nesse sentido, a Filosofia, pelas veredas dos séculos, refletiu, com especial preocupação, o papel da educação na construção do homem - e sem ela, não há luta, e sem lutas, não existem perspectivas de caminhos para mudar a conjuntura de miséria no Brasil.


A extrema pobreza no Brasil, portanto, é fomentada pela negligência estatal somada a uma sociedade passiva. A fim de atenuar o problema, as escolas públicas e privadas, financiadas e apoiadas - em custos e mídia - devem aumentar a carga horária de aulas de Sociologia, Filosofia e Ética, disponibilizando debates e palestras, com profissionais especializados a respeito da expressiva miséria em terras brasileiras, de modo a desconstruir hábitos intelectuais reprodutores enraizados e formar jovens conscientes, mais críticos e capazes de irem à luta pelos direitos dos que nada têm - a partir da cobrança de ações de governantes que busquem diminuir efetivamente as disparidades socioeconômicas, como no aumento do salário mínimo e disponibilidade de ensino público de qualidade. Assim, as estações inférteis e áridas em todos os seus planos - como ocorre com Fabiano e sua família - poderão ser combatidas.






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