A (à) hora mais escura
- Débora Pluvie
- 18 de jun. de 2018
- 2 min de leitura
Pra escutar:
https://open.spotify.com/track/1ZqHjApl3pfzwjweTfMi0g?si=Po7t6tyhQhG4p_x_iYSGGA
https://m.youtube.com/watch?v=IakDItZ7f7Q

é a hora da noite que mais assusta - pelo silêncio que tenta abafar uma mente em gritos e pela suposta paz com a qual o mundo continua a girar independentemente da sua vida; é a hora que a gente fica de frente com o travesseiro pensando e repensando cada detalhe daquilo que não deu certo; em todas as possíveis alternativas completamente irreais aos seus problemas e em cada segundo que você poderia ter agido de modo diferente - “talvez se eu tivesse me calado ou se eu tivesse me entregado de modo mais profundo, ou menos intenso...“ o “se” é a residência do fracasso e das coisas mal resolvidas; veja que gente bem resolvida não tem “se”, não tem “mas”; a questão é que nas noites anteriores a tudo isso que você viveu por arriscar e hoje não quer lembrar, o travesseiro não te avisou que seria tão difícil: ainda que te seduzisse a todas as escolhas erradas - que pareciam certas naquele tempo; ele não te avisa que aquele tempo feliz jamais vai voltar - aquele sorriso de graça, de contemplação, de êxtase nunca mais vai estar na sua frente e todos aqueles beijos incríveis depois das milhares de discussões incabíveis jamais secarão suas lágrimas ou calarão o seus silenciosos berros de socorro e, definitivamente, ele não te avisa que o “não” tem um poder maior que o dele: o poder de calar, de cegar, de deixar apático; a negação de um amigo, de um amor, da sua fé e, por fim, a negação de você mesmo que ressoa nas paredes antes pintadas e decoradas com gesso e agora cercadas de espelhos que refletem esse Eu antagônico, incompleto, ignorante de si e conhecedor: do não; a hora mais escura revela os medos - esses que você não conta pra ninguém, mas que diante do travesseiro seu corpo sua, suas mãos tremem e seus olhos... ah! seus olhos chamam pelo socorro do conhecimento, dos amigos, do Amor - e do próprio não... a hora mais escura
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